Duas alunas de Jornalismo concluem ICs no Narra

As alunas de Jornalismo Suianne Gonçalves, orientada pelo professor João Damásio, e Giovanna Abelha, orientada pelo orofessor Nuno Manna, concluíram suas pesquisas no fim do último ano letivo da Universidade Federal de Uberlândia. Ambas as produções são fruto de Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC) e estão articulados ao projeto Catástrofes Cotidianas (edital CNPq Pró-Humanidades 2022) do qual o Narra participa. 

O trabalho “As farpas do caso Jonatas Santos: circulação das imagens em narrativas do inimaginável”, de Gonçalves, se propôs a explorar o processo de circulação de imagens a partir das narrativas sobre os massacres no campo. A pesquisa, que teve início em maio e que terminou em novembro, trata das midialidades que surgem a partir do caso do garoto Jonatas Santos, filho de um líder comunitário no Engenho de Roncadorzinho (Barreiros – PE), assassinado durante um conflito fundiário, em março de 2022. A partir da análise de reportagens, artigos e postagens produzidas pela Comissão Pastoral da Terra, pelo G1 e pela Revista Piauí, dentre outros veículos, o trabalho teve como objetivo identificar que iconicidade surge a partir da circulação das imagens deste caso, e de que maneira elas o consolidam como um símbolo da violência no campo. 

Suianne, estudante do oitavo período da graduação em jornalismo, conta que o trabalho teve relação próxima com sua vida pessoal, uma vez que a fotografia e a temática do campo são aspectos presentes em seu ambiente familiar de diferentes modos. No entanto, a pesquisa lhe abriu novas possibilidades : “Eu nunca me imaginei como pesquisadora antes. Foi uma experiência que me mostrou quanto eu posso aprender e impactar a vida dos outros fazendo uma iniciação científica. Foi uma virada de chave muito grande pra mim reconhecer que a realidade em que as pessoas vivem no campo é uma realidade de catástrofes que envolve e ultrapassa a questão dos assassinatos e massacres.”

O trabalho de Abelha, intitulado “Jornalismo em meio ao atordoamento: As narrativas do jornal digital BBC Brasil em interlocução com o imaginário da cultura chinesa durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19”, analisa a cobertura da BBC Brasil, entre o período de novembro de 2020 a dezembro de 2021, a fim de compreender de que modo o contexto pandêmico tencionou o imaginário sobre a cultura chinesa. A partir das matérias selecionadas, a pesquisa reflete criticamente sobre os  sentidos que emergem da cobertura jornalística deste veículo ocidental, durante um período de constante tentativa de (re)ordenamento da realidade. 

Estudante do oitavo período e após concluir sua segunda iniciação científica, Giovanna Abelha conta que a pesquisa se conectou com o trabalho que desenvolveu anteriormente no Narra: “Eu quis fazer essa pesquisa primeiro porque, durante a minha primeira iniciação científica, que foi sobre pós-humanismo e Cyberpunk, eu me aproximei ainda mais de questões que envolvem a Ásia e suas metrópoles. A partir disso eu comecei a me aproximar um pouco mais de tudo que envolvia a Ásia e isso começou a despertar um questionamento em relação à forma como a Ásia é retratada pra nós aqui do ocidente”

Sobre as coberturas jornalísticas analisadas e a forma com que seu trabalho se relaciona com o projeto das catástrofes cotidianas, ela afirma: “Essa pesquisa tenta compreender como o jornalismo estava dando conta de narrar a China durante o início da COVID-19, ou seja, no momento de surgimento desse vírus, em que todas as nossas percepções sobre o mundo e a nossa compreensão de realidade se tornaram abalados por um novo futuro imprevisível. Muitas narrativas começaram a emergir como uma forma de dar conta dessa nova realidade que estava se formando. Entendo que muitas dessas narrativas são problemáticas e resgatam preconceitos sobre o país.“ 

O projeto o qual ambas as pesquisas compõe, de investigação acerca das catástrofes cotidianas, busca compreender o conceito de catástrofes para além de um único evento, enquanto um processo de desestabilização das formações sociais e subjetivas. Este movimento reflexivo, que também se volta aos acontecimentos do dia a dia, é centrado na noção de atordoamento, termo que busca caracterizar experiências de desestabilização temporal, de desconstrução de modos hegemônicos de vida e suas implicações políticas, afetivas, estéticas e na forma com que atribuímos sentido ao mundo. 

Para saber mais sobre as catástrofes cotidianas, acesse o livro “Catástrofes e Crises do Tempo”, produzido pela rede Historicidades  dos Processos Comunicacionais e publicado pelo selo PPGCOM, em 2020. 

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